domingo, 12 de fevereiro de 2012

Cemitério Virtual



Vamos lá, a primeira morte que me chamou a atenção pela internet foi a do cantor Michael Jackson. Meu Deus, o homem ganhou a santidade por ter alcançado o reino dos céus (se é que subiu, eu particularmente, duvido MUITO disso). Milhares, milhões de pessoas postavam fotos, músicas e textos de amor eterno ao “ídolo” e isso se arrastou, arrastou, arrastou até que esses mesmos se encheram de falar num só assunto e “simbora” para o próximo morto. Que venham  Patrick Swayze, Amy Winehouse, Steve Jobs, Whitney Houston e tantos outros mas a pergunta que não quer calar é: por quê as pessoas viram santas depois de sua morte? Por quê esse desejo mórbido de tentar encontrar todos os detalhes e sair postando prá mostrar aos outros que você é o sabichão? Que acompanha tudo, que segue tudo e que faz parte do “mundo”?


Acorda!! Eu terei muito mais compaixão por você se o “seu Zé” da esquina, aquele que te vendeu balas durante toda a sua infância, vier a falecer, ele é real, ele te viu crescer, ele passava as mãos nos seus cabelos, ele brincava de entregar e puxar o saquinho de balas da sua mão e assim brincava de bobinho!

A “tia Maria”, lembra dela? Era aquela vizinha que vivia sentada no degrau do portão da casa dela, era só você passar e ela falava: menina, tá frio, coloca um casaco! E aquele baita calor de derreter asfalto.

O “tio João”, nossa, ele vibrava junto com você naquela banca de jornal quando seu álbum estava começando a ficar cheio, isso quando não tirava o seu prazer de colar as figurinhas e ele mesmo fazia o trabalho.

Enfim, não estou tirando o mérito dos famosos, estou apenas dizendo que nem sempre damos o devido valor aos que nos viram crescer, somente por não serem da nossa família e não serem famosos. De uma hora prá outra, a brincadeira de bobinho com o “seu Zé” ficou chata, a “tia Maria” tornou-se uma intrometida e o “tio João” já não tem graça porque ele não vai comentar com você as revistas que você gosta de ler. Essas “pessoinhas”, por mais desconhecidas que sejam do mundão de Deus, são conhecidas suas e muito conhecidas, por sinal. Viram sua primeira dentição ir embora, viram suas calças ficando curtas pelo seu crescimento acelerado, viram sua mãe te dando bronca pelas notas baixas, viram seu corpo tomar forma, viram suas fases de rebeldia sem causa e viram em quem você se transformou.
Quando ficamos sabendo que um desses “tios” morreu, a reação é mais ou menos assim: Nossa, tadinho, gostava tanto dele! Só, só mesmo, acabou aí, parou aí!

Não quero desmerecer os famosos, longe disso, só quero que todos tenham a mesma importância. Tem famosos que contribuíram de maneira impensada, até então, na área da tecnologia mas na vida pessoal tem vários tropeços éticos. Tem famosos que cantavam e dançavam de maneira incomum mas na vida pessoal causaram muitos estragos sem condenações mas evidentemente causaram, outros se drogaram até encontrar seu fim. Já os “tios”, esses você não soube nada de indecente, até porque, se eles fizessem algo errado sua mãe falaria: não converse com ele, não é boa pessoa! E se ela não fez isso, nem o proibiu de nada, é sinal de que perigo não havia.

Fica aí a dica e o pedido: se encontrar ainda vivo pelo bairro um desses “tios”, agradeça, fale que fez da sua infância um momento único e que guarda as recordações ainda vivas na memória. Se tiver uma brecha, pode abraçar, é BOM DEMAIS! 




Cintya Guimarães Ribas - Loy

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