Vamos lá, a primeira morte que me chamou a atenção pela
internet foi a do cantor Michael Jackson. Meu Deus, o homem ganhou a santidade
por ter alcançado o reino dos céus (se é que subiu, eu particularmente, duvido
MUITO disso). Milhares, milhões de pessoas postavam fotos, músicas e textos de
amor eterno ao “ídolo” e isso se arrastou, arrastou, arrastou até que esses
mesmos se encheram de falar num só assunto e “simbora” para o próximo morto. Que
venham Patrick Swayze, Amy Winehouse, Steve Jobs, Whitney Houston e tantos outros mas a
pergunta que não quer calar é: por quê as pessoas viram santas depois de sua
morte? Por quê esse desejo mórbido de tentar encontrar todos os detalhes e sair
postando prá mostrar aos outros que você é o sabichão? Que acompanha tudo, que
segue tudo e que faz parte do “mundo”?
Acorda!! Eu terei muito mais compaixão por você se o “seu Zé” da esquina, aquele que te vendeu balas durante toda a sua infância, vier a falecer, ele é real, ele te viu crescer, ele passava as mãos nos seus cabelos, ele brincava de entregar e puxar o saquinho de balas da sua mão e assim brincava de bobinho!
Acorda!! Eu terei muito mais compaixão por você se o “seu Zé” da esquina, aquele que te vendeu balas durante toda a sua infância, vier a falecer, ele é real, ele te viu crescer, ele passava as mãos nos seus cabelos, ele brincava de entregar e puxar o saquinho de balas da sua mão e assim brincava de bobinho!
A “tia Maria”, lembra dela? Era aquela vizinha que vivia
sentada no degrau do portão da casa dela, era só você passar e ela falava:
menina, tá frio, coloca um casaco! E aquele baita calor de derreter asfalto.
O “tio João”, nossa, ele vibrava junto com você naquela banca
de jornal quando seu álbum estava começando a ficar cheio, isso quando não
tirava o seu prazer de colar as figurinhas e ele mesmo fazia o trabalho.
Enfim, não estou tirando o mérito dos famosos, estou apenas
dizendo que nem sempre damos o devido valor aos que nos viram crescer, somente
por não serem da nossa família e não serem famosos. De uma hora prá outra, a
brincadeira de bobinho com o “seu Zé” ficou chata, a “tia Maria” tornou-se uma
intrometida e o “tio João” já não tem graça porque ele não vai comentar com
você as revistas que você gosta de ler. Essas “pessoinhas”, por mais
desconhecidas que sejam do mundão de Deus, são conhecidas suas e muito conhecidas,
por sinal. Viram sua primeira dentição ir embora, viram suas calças ficando
curtas pelo seu crescimento acelerado, viram sua mãe te dando bronca pelas
notas baixas, viram seu corpo tomar forma, viram suas fases de rebeldia sem
causa e viram em quem você se transformou.
Quando ficamos sabendo que um desses “tios” morreu, a reação
é mais ou menos assim: Nossa, tadinho, gostava tanto dele! Só, só mesmo, acabou
aí, parou aí!
Não quero desmerecer os famosos, longe disso, só quero que
todos tenham a mesma importância. Tem famosos que contribuíram de maneira
impensada, até então, na área da tecnologia mas na vida pessoal tem vários
tropeços éticos. Tem famosos que cantavam e dançavam de maneira incomum mas na
vida pessoal causaram muitos estragos sem condenações mas evidentemente
causaram, outros se drogaram até encontrar seu fim. Já os “tios”, esses você
não soube nada de indecente, até porque, se eles fizessem algo errado sua mãe
falaria: não converse com ele, não é boa pessoa! E se ela não fez isso, nem o
proibiu de nada, é sinal de que perigo não havia.
Fica aí a dica e o pedido: se encontrar ainda vivo pelo
bairro um desses “tios”, agradeça, fale que fez da sua infância um momento
único e que guarda as recordações ainda vivas na memória. Se tiver uma brecha,
pode abraçar, é BOM DEMAIS!
Cintya Guimarães Ribas - Loy
Cintya Guimarães Ribas - Loy
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